A festa junina do Righetti é um evento presente no calendário de toda comunidade do entorno escolar, é feita com carinho e entusiasmo de todos que participam, nela temos danças tipicas e adaptadas, comidas e jogos.
Não se esqueça de ler o artigo de Prezia, no fim das fotos, sobre a festa junina.
Festa 2013
Festa 2012
FESTA JUNINA: A mais indígena das festas populares
Benedito Prezia
Minhas pesquisas sobre folclore me levaram a conclusão de
que as festas juninas resgatam muitos elementos indígenas, sobretudo da cultura
tupi, criando uma síntese bastante hornogenea com a cultura brasileira.
As festas de junho, quando são comemorados São João e São
Pedro, possuíam na sua manifestação européia muitos elementos
significativos, corno fogueira,brincadeiras o danças típicas, e foram trazidas para o
Brasil pelos colonos e missionários.
Essa festa coincidia na Europa com o solicito de verão,
quando eram relembrados antigos rituais agrícolas, "quando as populações do
campo festejavam a proximidade das colheitas o faziam sacrifícios para afastar os demônios da
esterilidade, as pestes dos cereais, estiagens etc" como observa Câmara Cascudo
(Dicion. do Folclore Brasileiro, 1988, p. 404).
Transportada para o Novo Mundo, esta festa coincidiu com o
solstício do inverno. Embora não tenhamos referencias do comemorações indígenas no
Brasil, ela tinha muito importância na região andina, sendo comemorado corno a festa
inca do Inti Raymi, no Peru, que homenageava o sol Era também um momento do rituais
do iniciação dos jovens guerreiros.
O fogo foi um elemento muito importante em antigos rituais.
Os celtas celebravam uma festa em 1° do maio, quando comemoravam o inicio do
verão. Nessa ocasião eram acesas grandes figueiras, no meio das quais os druidas, seus
sacerdotes, faziam passar o gado, para livrá-lo do doenças (CHEVALIER &
GHEERBRANT, Dicionário de símbolos, 1994, p. 441).
No Brasil, as festas juninas tiveram grande popularidade,
não sé nas missões como nas vilas. Como observou o jesuíta Fernão Cardim, "três
festas celebram estes índios [tupis] com grande alegria, aplauso e gosto particular. A
primeira é das fogueiras de S. João, porque suas aldeias ardem em fogos, e para saltarem as
fogueiras não os estorva a roupa, ainda que algumas vezes chamusquem o couro. A
segunda é a festa de ramos, ( ... ) a terceira, que mais que todas festejam, é dia de
cinza ( ... ) e folgam que Ihes ponha grande cruz na testa" (Tratados da terra e gente
do Brasil, [1585], 1978, p. 191).
Embora São João, no hagiológio católico soja urn santo
austero, ascético e até intolerante, com a introdução do rituais não - cristãos,
ele passou a ser festejado como "um deus amável e dionisíaco, com farta
alimentação, danças, músicas, bebidas e uma marcada tendência sexual nas comemorações
populares", corno afirma Câmara Cascudo, que elenca inumeráveis práticas populares
"casamenteiras" (ld., p. 404-406).
Mas em São Pedro encontramos a figura de uma importante
entidade indígena, Tupã, o Senhor da chuva e dos trovões. Com muita freqüência
as pessoas falam "de pedir chuva a São Pedro" ou "que São Pedro está
exagerando na chuva. A expressão popular "mandachuva" refere-se seguramente a esse
chefe, que é o "príncipe dos apóstolos".
lembrar também a cauim guarani, que ate hoje e bebido mono.
0 que era frito antigamente com mandioca ou milho fermentado, hoje, na ausência da
fermentação natural, faz-se com pinga e gengibre.
A presença tupi é sinalizada pelos nomes desses pratos
típicos: pamonha (do tupi pomonga = pegajoso), creme condo na casca de milho, que faz
lembrar pratos indígenas assados na folha de bananeira, curau (do tupi: kure ralado +
u comida), é ø creme de milho ralado; canjica (do guarani: kangy = mole + kaa=
planta), mingau frito com milho seco despolpado e cozido. Outros alimentos indígenas entraram na festa como a
batata-doce assada, a banana assada e a famoso pé-de-moleque, frito com amendoim,
alimento também indígena.
O lado dionisíaco da festa pode ser visto nos banhos
coletivos da madrugada, hoje quase extintos, e que era um misto de purificação e busca de
noivo. E, sobretudo, no famoso casamento caipira, que pode ser analisado de duas
maneiras.
Seria uma parodia do casamento católico, própria do teatro
popular colonial, onde um padre bêbado tenta casar um noivo ingênuo e uma
noiva sirigaita Contra esse tipo de representação, a Igreja Caótica do século 18 foi
muito severa, proibindo-as, embora tenham sido conservadas num contexto popular. Em
épocas mais recentes, ao casamento caipira adicionou-se a quadrilha, que parodiava as
danças aristocráticas do Império. Numa segunda abordagem poderia se ver no casamento caipira
uma espécie de contrato substituto, já que a presença do padre católica no
interior do Brasil era bastante escassa. Falava-se de "casamento na fogueira".
Cascudo, citando Artur Neiva, narra esse tipo de casamento nos "gerais" do Piauí e
Goiás, que ocorria na noite de São João.
Havia também o compadrio do fogueira, quando alguém se
tomava "padrinho" de alguma criança, corno uma maneira de comprometê-lo num
futuro batizado a ser realizado posteriormente pelo padre.
A própria maneira de fazer as fogueiras familiares, diante
de cada casa, lembra a cultura tupi, onde as ações e a chefias. Ao sempre unifamiliares.
Não podemos esquecer que a mastro, de origem portuguesa,
existia também nas aldeias tupinambás, de onde pendiam pequenos escudos
protetores, que serviam de amuletos para a comunidade. Em varias regiões do Brasil,
coma no Pará e na Bahia, a mastro é levado pela comunidade ate a igreja para ser
abençoado, coma se levam as toras de corrida das populações de cultura jê. Vê-se, portanto, que as festas juninas realizam urna grande
síntese de muitas tradições indígenas.
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